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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DESIGUALDADES DAS RIQUEZAS


DESIGUALDADES DAS RIQUEZAS



         8. A desigualdade das riquezas é um esse problemas que se procura resolver, se não se senão a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que todos os homens não são igualmente ricos? Não o são por uma razão muito simples: é que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem moderados e previdentes para conservar. Aliás, é um ponto matematicamente demonstrado que a fortuna, igualmente repartida, daria a cada qual uma parte mínima e insuficiente: que, supondo-se essa repartição feita, o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, cada um tendo apenas do que viver, isso seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que ocorrem para o progresso e o bem-estar da Humanidade; que, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, não haveria mais o aguilhão (Tudo aquilo que incita a agir; estímulo: a glória é um poderoso aguilhão) que compele às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é porque daí ela se derrama em quantidade suficiente segundo as necessidades.

         Admitindo isso, pergunta-se por que Deus e dá a pessoas incapazes para fazê-la frutificar para o bem de todos. Aí ainda está uma prova de sabedoria e da bondade de Deus. Dando ao homem o livre arbítrio, quis que ele alcançasse, por sua própria experiência, a distinção do bem e do mal, e que a prática do bem fosse o resultado dos seus esforços e da sua própria vontade. Ele não deve ser conduzido fatalmente, nem para o bem nem para ao mal, sem o que não seria senão um instrumento passivo e irresponsável, como os animais. A fortuna é um meio de prová-lo moralmente; mas como, ao mesmo tempo, é um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que ela fique muito tempo improdutiva e, por isso, a desloca incessantemente. Cada um deve possuí-la para experimentar servir-se dela, e provar o uso que dela sabe fazer; mas como há a impossibilidade material de que de todos a tenham ao mesmo tempo; que, aliás se todo mundo possuísse, ninguém trabalharia e o aprimoramento do globo com isso sofreria, cada um possui a seu turno: quem não tem hoje, já a teve ou terá numa outra existência, e quem tem agora, poderá não tê-la mais amanhã. Há ricos e pobres porque Deus sendo justo, cada um deve trabalhar a seu turno; a pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riquezas é para outros a prova da caridade e da abnegação.

         Deplora-se com razão o lamentável uso que certas pessoas fazem de sua fortuna, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e se pergunta se Deus é justo em dar a riqueza a tais pessoas. É certo que se o homem não tivesse senão uma só existência, nada justifica essa repartição dos bens da Terra; mas se, em lugar de limitar a visão à vida presente, considerar-se o conjunto das existências, vê-se que motivo para acusar a Providência, nem para invejar os ricos não têm mais do que se glorificar pelo que se possuem. Se dela abusam, não será nem com os decretos, nem com as leis suntuárias1, que se remediará o mal; as leis podem, momentaneamente mudar o exterior, mas não podem mudar o coração; por isso, elas não têm senão uma duração temporária, e são sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A fonte do mal está no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda espécie cessarão por si mesmos quando os homens se regerem pela lei da caridade.



NOTA: 1- LEIS SUNTUÁRIAS
Na era medieval os Éditos Santuários serviam para impedir as classes pobres de se vestirem como os nobres, visando monopolizar o poder e dificultar, para não dizer impedir, a mobilidade entre as classes sociais e principalmente enfatizar uma hierarquia das condições.
Imagem do Blog Missixty

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UTILIDADE PROVIDENCIAL DA FORTUNA

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

UTILIDADE PROVIDENCIAL DA FORTUNA




         7. Se a riqueza devesse ser um obstáculo absoluto à salvação daqueles que a possuem, assim como poderia inferir de certas palavras de Jesus interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a dispensa, teria colocado nas mãos de alguns um instrumento de perdição sem recursos, pensamento que repugna à razão. A riqueza, sem dúvida, é uma prova muito difícil, mais perigosa que a miséria pelos seus arrastamentos, as tentações que dá e a fascinação que exerce; é o excitante supremo do orgulho da vida sensual; é o laço mais poderoso que liga o homem à Terra e afasta seus pensamentos do céu; produz uma tal vertigem que se vê, frequentemente, aquele que passa da miséria à fortuna esquecer depressa sua primeira posição, aqueles que a partilham, aqueles que o ajudaram e tornasse insensível, egoísta, e vão. Mas do fato de tornar o caminho difícil, não se segue que o torne impossível, e não possa tornar-se um meio de salvação, nas mãos daqueles que dela sabe se servir, como certos venenos podem devolver a saúde, se são empregados a propósito e com discernimento.

         Quando Jesus disse ao Jovem que o interrogou sobre nos meios de ganha a vida eterna: “Desfazei-vos de todos os vossos bens e segui-me”, ele não entendia estabelecer como princípio absoluto que cada um deva se despojar daquilo que possui, e que a salvação só tem esse preço, mas mostrar que o apego aos bens terrestres é um obstáculo à salvação.
Esse jovem, com efeito, se acreditava quite porque tinha observado certos mandamentos e, todavia, recua ante a idéia de abandonar seus bens; seu desejo de obter a vida eterna não ia até esse sacrifício.

         A proposição que Jesus lhe fez era uma prova decisiva para pôr a descoberto o fundo do seu pensamento; ele podia, sem dúvida, ser um perfeito homem honesto, segundo o mundo, não fazer mal a ninguém, não maldizer seu próximo, não ser vão nem orgulhoso, honrar a seu pai e sua mãe; mas não tinha a verdadeira caridade, porque sua virtude não ia até a abnegação. Eis o que Jesus quis demonstrar; é uma aplicação do princípio: Fora da caridade não há salvação.

         A consequência dessas palavras, tomadas em sua acepção rigorosa, seria a abolição da fortuna como nociva à felicidade futura, e como fonte de uma multidão de males na Terra, e seria, além disso, a condenação do trabalho que a pode obter; consequência absurda que conduziria o homem à vida selvagem, e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é uma lei de Deus.


Pedro Abelardo - Filosofo Francês

         Se a riqueza é a fonte de muitos males, se ela excita tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, é preciso tomar não a coisa, mas ao homem que dela abusa, como abusa os todos os dons de Deus; pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser mais útil; é a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza não devesse produzir senão o mal, Deus não a teria colocado sobre a Terra; cabe ao homem dela extrair o bem. Se ela não é elemento direto do progresso moral, é, sem contrapartida, um poderoso elemento de progresso intelectual.

         Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pelo aprimoramento material do globo; deve desbravá-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta; para alimentar essa população que cresce sem cessar, é preciso aumentar a produção; se a produção de uma região é insuficiente, será preciso ir procurá-la fora. Por isso mesmo; as relações de povo a povo tornaram-se uma necessidade; para as tornar mais fáceis é preciso destruir os obstáculos materiais que as separam, tornar as comunicações mais rápidas. Para esses trabalhos, que são a obra dos séculos, o homem teve de tirar materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de executá-los mais segura e rapidamente; mas para realizá-los lhe foram preciso recursos: a necessidade fê-lo criar riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade, necessitada por esses mesmos trabalhos, aumenta e desenvolve sua inteligência; essa inteligência, que ele concentra primeiro na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. A riqueza, sendo o primeiro meio de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, não mais atividade, nem estímulo, nem pesquisas; é pois razão, considerada um elemento de progresso.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     






quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PARÁBOLA DOS TALENTOS

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

PARÁBOLA DOS TALENTOS




6. O senhor age como um homem que, devendo fazer uma longa viagem para fora do país, chamou seus servidores e lhes colocou nas mãos seus bens. E tendo dado cinco talentos a um, dois a outro e um a outro, segundo a capacidade diferente de cada um, logo partiu. Aquele, pois, que tinha recebido cinco talentos, foi-se embora; negociou com seu dinheiro e ganhou cinco outros. Aquele que havia recebido dois, ganhou da mesma forma outros dois. Mas havia aquele que não havia recebido senão um foi cavar na terra e aí escondeu o dinheiro do seu serviço do seu senhor. 


Muito tempo depois, o senhor destes servidores tendo retornado, pediu-lhes conta. E aquele que havia recebido cinco talentos veio lhe apresentar outros, dizendo-lhe: Senhor, me havíes colocado cinco talentos nas mãos, eis aqui cinco outros que ganhei. Seu senhor lhe respondeu: Bom e fiel servidor, porque fostes fiel em pouca coisa eu vos estabelecerei sobre muita outras; entrai no gozo do vosso Senhor. Aquele que havia recebido dois talentos veio logo se apresentar a ele, dizendo-lhe: Senhor, me avieis colocado dois talentos nas mãos, eis aqui outros que ganhei. Senhor, me havíeis colocado dois talentos nas mãos, eis aqui outros que ganhei. Seu senhor lhe respondeu: Bom e fiel servidor, porque fostes fiel em pouca coisa, eu vos estabelecerei sobre muitas outras; entrai no gozo do vosso Senhor.

 Aquele que não havia recebido senão um talento, veio em seguida e lhe disse: Senhor, sei que sois um homem duro, que ceifais onde não haveis semeado, e colheis onde nada haveis empregado; por isso, como eu o temia, escondi vosso talento na terra; ei-lo, restituo o que é vosso. Mas seu senhor lhe respondeu: Servidor mau e preguiçoso, sabíeis que ceifo onde não semeei, e que colho onde nada empreguei, devíeis, pois, colocar meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim de que, no meu retorno, eu retirasse com juro o que era meu. Que se retire, pois, o talento que tem, e dêem-no àquele que tem dez; porquanto dar-se-á a todos aqueles que já têm, e eles serão cumulados de bens; mas, para aquele que não tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que pareça ter, e que se lance esse servidor inútil nas trevas exteriores; ali haverá choros e ranger de dentes. (São Mateus, cap. XXV, v.de 14 a 30).

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS - A PIEDADE

Instruções dos Espíritos

A PIEDADE
                      

        


         A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos conduz até Deus. Ah! Deixai vosso coração se enternecer diante das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes; vossas lágrimas são um bálsamo que aplicais sobre suas feridas, e quando, por uma doce simpatia, vindes a lhes restituir a esperança e a uma doce simpatia, vindes a lhes restituir a esperança e a resignação, que encantos experimentais! Esse encanto é verdade, tem certo amargor, porque nasce ao lado da infelicidade; mas se não tem a agrura dos gozos mundanos, não tem as pungentes decepções do vazio que estes deixam atrás de si; há uma suavidade penetrante que alegra a alma. A piedade, uma piedade bem sentida, é amor; o amor é devotamento; o devotamento é o esquecimento de si mesmo; e esse esquecimento, essa abnegação em favor dos infelizes, é a virtude por excelência a que praticou em toda sua vida o Divino Messias, e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando essa doutrina retornar à sua pureza primitiva, e for sentida por todos os povos, dará felicidade a Terra, nela fazendo reinar, em fim, a concórdia, a paz o amor.

         O sentimento, mais próprio para vos fazer progredir, domando vosso egoísmo e vosso orgulho, o que dispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade! Essa piedade que vos comove até as entranhas diante dos sofrimentos de vossos irmãos, que vos faz lhes estender a mão segura e vos arranca lágrimas de simpatia. Portanto, não sufoqueis vossos corações essa emoção celeste, não façais como esses egoístas endurecidos que se distanciam dos aflitos, porque a visão de sua miséria perturbaria por instante sua alegre existência; temei permanecer indiferente quando puderdes ser úteis. A tranqüilidade comprada ao preço de uma indiferença culpável, é a tranquilidade do Mar Morto, que esconde no fundo de suas águas o lodo fétido e a corrupção.

         Quando a piedade está longe, entretanto, de causar a perturbação e o aborrecimento com os quais se apavora p egoísta! Sem dúvida, a alma experimenta, ao contato da infelicidade alheia, e voltando-se para si mesma, um abalo natural e profundo que faz vibrar todo vosso ser e vos afeta penosamente; mas a compensação será grande quando vierdes a restituir a coragem e a esperança a um irmão infeliz que emociona com a pressão da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo úmido de emoção e de reconhecimento, se volta docemente para vós antes de se fixar no céu agradecendo por lhe haver enviado um consolador, um apoio. A piedade é a melancólica, mas celeste precursora da caridade, essa primeira virtude prepara e enobrece. (MICHEL, Bordéus, 1862).

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS - A ingratidão dos filhos e os laços de família

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA.




         9. A ingratidão é um dos frutos, mais imediatos do egoísmo; revolta sempre os corações honestos; mas a dos filhos com relação aos pais, tem um caráter ainda mais odioso; é sob esse ponto de vista especialmente que vamos encará-lo para analisar-lhe as causas e os efeitos. Aqui, como por toda a parte; o Espiritismo veio lançar luz sobre um dos problemas humano.

         Quando o Espírito deixa a Terra, carrega consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai para o espaço se aperfeiçoar ou ficar estacionado, até que queira ver a luz. Alguns, pois, partiram carregando consigo ódios poderosos e desejos de vingança insatisfeitos; mas, a alguns destes, mais avançados que os outros, é permitido entrever algo da verdade; eles reconhecem os funestos efeitos de suas paixões e, então, tomam boas resoluções; compreendem que para ir a Deus não há senão uma senha; caridade; ora, não há caridade sem esquecimento de ultrajes e de injúrias; não há caridade com ódios no coração e sem perdão.

         Então, por um esforço inaudito, olham aqueles que detestaram na Terra, mas ante essa visão, sua animosidade desperta; revoltam-se com a idéia de perdoar, e mais ainda com a de se abdicarem de si mesmos, sobretudo, à de amar aqueles que talvez destruíram sua fortuna, sua honra, sua família, eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários; se a boa resolução vence, pedem a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo de prova.


         Enfim, depois de alguns anos de meditações e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara na família daquele que detestou, e pede aos Espíritos encarregados de transmitirem as ordens supremas, para ir cumprir na Terra os destinos desse corpo que vem dee se formar. Qual será, pois, sua conduta nessa família? Ela dependerá, mais ou menos, da persistência de suas boas resoluções. O contato incessante dos seres que odiou é uma prova terrível sob a qual sucumbe, às vezes, se sua vontade não é bastante forte. Assim, segundo triunfe a boa ou a má resolução, será amigo ou inimigo daqueles no meio do qual foi chamado a viver. Por aí se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior parece justificar; nada, com efeito, nessa existência, pôde provocar essa antipatia; para compreendê-la é preciso voltar os olhos sobre o passado.

         Oh espíritas! Compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo vosso amor em aproximar essa alma da qual recebereis a recompensa se cumprirdes fielmente seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro. Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” Se permaneceu atrasado por vossa falta, vosso castigo será o de vê-lo entre os Espíritos sofredores, ao passo que dependia de vós tê-lo feito feliz. Então, vós mesmos, atormentados de remorsos, pedireis para reparar vossa feita; solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ele, na qual o cercareis de cuidados mais esclarecidos, e ele, cheio de reconhecimento, vos cercará de seu amor.


         Não rejeiteis, pois, a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que vos paga com ingratidão; não é o acaso que fez assim e que vo-lo deu. Uma intuição imperfeita do passado se revela e daí julgais se um ou o outro já muito odiou ou foi muito ofendido; que um ou o outro veio para perdoar ou para expiar. Mães, abraçai, pois, o filho que vos causa desgosto, e dizei-vos: Um de nós dois foi culpado. Merecei as alegrias divinas que Deus atribui à maternidade, ensinando a essa criança que ela está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas, ah! muitos dentre vós, em lugar de arrancar para pela educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm, desenvolvem esses mesmos princípios, por uma fraqueza culposa ou negligente, e, mais tarde, vosso coração ulcerado pela ingratidão de vosso filhos, será para vós, desde esta vida, o começo de vossa expiação.

         A tarefa não é tão difícil como poderíeis crê-la; não exige o saber do mundo; o ignorante como o sábio, pode cumpri-la, e o Espiritismo veio facilitá-la, dando a conhecer a causa das imperfeições do coração humano.

 Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; emprestai, pois, os menores sinais que revelam s firmes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lacem raízes profundas; fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que vê despontar sobre a árvore. Se deixais se desenvolverem o egoísmo e o orgulho, não vos espantais de ser mais tarde pagos pela ingratidão. Quando os pais fizerem tudo o que deveriam para o adiantamento moral dos filhos, se não se saem bem, não têm censuras a se fazer, e que sua consciência pode estar tranqüila; mas, ao desgosto muito natural que experimentam do sucesso dos esforços. Deus reserva uma grande, uma imensa consolação, pela certeza que não é senão, um atraso, e que lhes será dado acabar em outra existência e a obra começada nesta, e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, n.o 19).


Deus faz a prova das forças daquele que a pede; não permite senão aquelas que podem ser cumpridas; se não se triunfa, não é, pois, a possibilidade que falta, mas a vontade, porque quantos há que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem; a estes estão reservados os prantos e os gemidos em suas existências posteriores; mas admirai a bondade de Deus que não fecha jamais a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, em que o orgulho está enfim domado, e é então que Deus abre seus braços paternais ao filho pródigo que lança aos seus pés. As fortes provas, entendei-me bem, são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento de Espírito, quando são aceitas por amor a Deus. È um momento supremo. E nele; sobretudo, importa não falir murmurando, se não se quer perde-lhe o fruto e ter de recomeçar. Em lugar de vos lamentardes, agradecei a Deus que vos oferece ocasião de vencer para vos dar o prêmio de vitória. Então, quando saídos do turbilhão do mundo terrestre, entrardes no mundo dos Espíritos, nele sereis aclamado como o soldado que sai vitorioso do meio do combate.

De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração; alguém suporta com coragem a miséria e as privações materiais, mas sucumbe ao peso dos desgostos domésticos, esmagado pela ingratidão dos seus. Oh! É uma pungente angústia essa! Mas que pode melhor, nessas circunstâncias, revelar a coragem moral que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se há extrema aflição não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que sua criatura sofra sempre? Que mais consolador, mais encorajador que esse pensamento de que depende só de si, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é preciso não deter o olhar sobre a Terra e não ver senão uma única existência; é preciso se elevar, planar no infinito do passado e do futuro; então, a grande justiça de Deus se revela ao vosso olhar, e esperais com paciência, porque entendeis o que vos parecia monstruosidade na Terra; as feridas que nela recebeis não vos parecem mais do que arranhões. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem sob sua verdadeira luz; não são mais os laços frágeis da matéria reunindo os membros, mas os laços duráveis do Espírito que se perpetuam e se consolidam em depurando, em lugar de se romperem pela reencarnação.


Os Espíritos que a semelhança dos gostos, a identidade de progresso e a afeição a se reunirem, formam famílias; esses mesmos Espíritos em suas migrações terrestres, se procuram para se agruparem como o fazem no espaço; daí nascem as famílias unidas e homogêneas; e se, em suas peregrinações, estão momentaneamente separados, reencontram-se mais tarde, felizes com os novos progressos. Mas como não devem trabalhar unicamente para si, Deus permite que Espíritos manos avançados venham se encarnar entre eles para aí haurir conselhos e bons exemplos, no interesse do seu adiantamento; eles causam, por vezes, perturbações, mais aí está a prova, aí está a tarefa. Acolhei-os, pois, como irmãos; vinde em sua Judá e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará de haver salvo do naufrágio os que a seu turno, poderão salvá-la de outros. (SANTO AGOSTINHO, Paris, 1862).

A BENEFICÊNCIA - "Sede Bons"

A beneficência –“Sede bons”
Capítulo XIII.





         12. Sede bons e caridoso, é a chave dos céus que tendes em vossas mãos; toda a felicidade eterna está encerrada nessa máxima: amai-vos uns aos outros. A alma não pode se elevar nas regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; ela não encontra felicidade e consolação se não nos impulsos da caridade; sede bons, sustentai vossos irmãos, deixai de lado a horrível chapa do egoísmo; esse dever cumprido de vos abrir o caminho da felicidade eterna. De resto, quem dentre vós não sentiu o coração pulsar, sua alegria interior se dilatar a narração de um belo devotamento, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se não procurásseis senão a volúpia que proporciona uma boa ação, permaneceríes sempre no caminho do progresso espiritual. Os exemplos não faltam; o que falta é a boa vontade, que é rara. Vede a multidão de homens de bem dos quais vossa história vos recorda piedosa lembrança.

         O cristo não vos disse tudo o que concerne às virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado esses divinos ensinamentos? Por que tapar o ouvido a essas divinas palavras, o coração a todas essas máximas suaves? Eu gostaria que se colocasse mais interesse, mais fé nas leituras evangélicas; abandona-se esse livro, faz-se dele uma palavra oca, carta fechada; deixa esse código admirável no esquecimento; vossos males não provêm senão do vosso abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes do devotamento de Jesus, e meditai-as.

         Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei armas de vossa brandura e de vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa doutrina; não é se não um encorajamento que viemos vos dar, não é senão para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite nos manifestemos a vós; mas se quisesse, não se teria necessidade senão da ajuda de Deus e da própria vontade; as manifestações espíritas não são feitas senão para os de olhos fechados e os corações indóceis.

         A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem. Sem a caridade não há esperança num futuro melhor, nem interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, porque a fé não é um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa.

         A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é sua própria virtude que ele dá à criatura. Como querer-se desconhecer essa suprema bondade? Qual seria, como esse pensamento, o coração bastante perverso para reprimir e expulsar esse sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para se rebelar contra esse doce carinho: a caridade?

         Não ouso falar do que fiz, porque os Espíritos têm também o pudor de suas obras; mas creio naquela que comecei uma das que devem mais contribuir para o alívio dos nossos semelhantes. Vejo, frequentemente, os Espíritos pedirem por missão continuar minha tarefa; eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, no seu piedoso e divino ministério; eu as vejo praticar a virtude que vos recomendo, com toda a alegria que proporciona essa existência de devotamento e de sacrifícios; é uma grande felicidade para mim ver quanto seu caráter é honrado, quanto sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros segundo os preceitos do Cristo. Assim seja. (SÃO VICENTE DE PAULA, Paris, 1858).

A BENEFICÊNCIA

A BENEFICÊNCIA
Capítulo XIII



11. A beneficência, meus amigos, vos dará nesse mundo as mais puras e as mais doces alegrias do coração que não são perturbadas nem pelo remorso, nem pela indiferença. Oh! Pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de suave a generosidade das belas almas, esse sentimento que faz com que se olhe outrem com o mesmo olhar com o qual se olha a si mesmo, que se desnude com alegria para vestir seu irmão. Pudésseis, meus amigos, não ter mais doce ocupação que a de fazer os outros felizes! Quais são as festas do mundo que podereis comparar a essas festas alegres, quando, representantes da Divindade, entregais a alegria a essas pobres famílias que não conhecem da vida senão as vicissitudes e as amarguras; quando vedes de súbito esses semblantes decorados iluminarem-se de esperança, porque não tinham pão; esses infelizes e suas crianças, ignorando que viver é sofrer, gritavam, choravam e repetiam estas palavras que penetravam, como agudo punhal, no coração materno: Eu tenho fome!...Oh! Compreendei quanto são deliciosas as impressões daqueles que vê renascer a alegria onde, um instante antes, não via senão desespero! Compreendei quais são as vossas obrigações para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro das misérias ocultas, sobretudo, porque são as mais dolorosas. Ide, meus bem amados, e lembrai-vos destas palavras do Salvador: “Quando vestirdes um desses pequeninos, pensai que é a mim que o fizeis!”

Caridade! Palavra sublime que resume todas as virtudes, tu deves conduzir os povos à felicidade; em te praticando, eles criaram para si alegrias infinitas para o futuro, e, durante seu exílio na Terra, tu será sua consolação, o antegozo das alegrias que gozarão mais tarde quando se abraçarão todos juntos no seio do Deus do amor. Fostes tu, virtude divina, que me proporcionastes os únicos momentos de felicidade que desfrutei sobre a Terra. Possam meus irmãos encarnados crer na voz do amigo que lhes falta e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio contra as aflições da vida. Oh! Quando estiverdes a ponto de acusar Deus, lançai um olhar abaixo de vós; vede quanta miséria a aliviar; quantas pobres crianças sem família; quantos velhos que não têm mais uma só mão amiga para socorrê-los e lhes fechar os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh não vos lamenteis; mas, ao contrário, agradecei a Deus, e prodigalizai a mancheias vossa simpatia, vosso amor, vosso dinheiro e todos aqueles que, deserdados dos bens desse mundo, definham no sofrimento e no isolamento. Colhereis nesse mundo alegrias bem suaves, e mais tarde... só Deus o sabe!... (ADOLFO, bispo de Argel, Bordéus, 1861).

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PARABULA DO MAU RICO

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
PARABULA DO MAU RICO







         5. Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho, e que se tratava magnificamente todos os dias. Havia também um pobre chamado Lázaro, estendido à sua porta, todo coberto de úlceras, que quisera se saciar coma as migalhas que caiam da mesa do rico; mais ninguém lhas dava. Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abrão. O rico morreu também e teve o inferno por sepulcro. E quando estava nos tormentos, levantou os olhos para o alto e viu ao longe Abrão e Lázaro no seu seio; e, gritando, disse estas palavras: Pai Abrão, tende piedade de mim e envia-me Lázaro, a fim de que molhe a ponta de seu dedo na água para me refrescar a língua, porque eu sofro tormentos extremos nesta chama.

         Mas Abrão lhe respondeu: Meu filho, lembrai-vos que haveis recebido vossos bens em vossa vida e Lázaro não teve senão males; por isso está agora na consolação, e vós nos tormentos.

         Além disso, há para sempre um grande abismo entre nós e vós; de sorte que aqueles que querem passar daqui para vós não podem, como ninguém também pode passar para aqui do lugar em que estais.

         O rico lhe disse: Eu vos suplico, pois, pai Abrão, enviá-lo à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, a fim de que lhes atestes estas coisas, de medo que eles venham também para este lugar de tormentos. Abrão lhe replicou: Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. Não, disse-lhe, pai Abrão, mas se algum dos mortos procurá-los, eles farão penitência. Abrão respondeu: Se eles não escutam Moisés nem os profetas, não crerão mais do que neles, quando mesmo algum dos mortos ressuscitasse. (São Lucas, cap. XVI, v. de 19 a 31)










                             

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CECÍLIA MEIRELES

"Tudo é vivo e tudo fala ao nosso redor,
embora com vida e voz que não são humanas,
mas que podemos aprender a escutar,
porque muitas vezes essa linguagem secreta
ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério"

Cecília Meireles

 

DEVEMOS ACREDITAR NO HOMEM?

 

DEVEMOS ACREDITAR NO HOMEM?
- Reflexões -
Aparecido Donizetti Hernandez


Como acreditar no Homem...
A história da Humanidade está repleta de revoluções e conflitos,
Conflitos de interesses e de poder do homem sobre o homem,
Conflitos onde os vencedores impõe seus interesses e suas idéias sobre os vencidos,
Onde os vencederes impõe até sua cultura e suas crenças.
Mas essa não é a essência da natureza humana,
O Homem não foi feito para cultivar a indiferença sobre os outros seres humanos,
Não é ter a arrogância e o controle sobre outros,
A essência do Homem é a solidariedade e o trabalho coletivo e o progresso mútuo.
O homem criou as diferenças entre eles e cultivando o personalismo,
Acredita que somente ele tem o direito sobre a Terra,
Mas a Terra foi construída para ser compartilhada
Por homens de diferentes pensamentos,
Pelo menor ser vivo, mesmo microscópico.
A Terra e os Homens foram criados um para ser complemento do outro,
A essência do Homem está nos ensinamentos de Cristo,
Que pregou e nos ensinou em suas parábolas o amor e a compreensão,
Entre todos os homens
E o repeito pelos outros seres viventes de nosso planeta.
Sua essência está aí dentro de ti,
Com um pequeno esforço podes deixar que ela aflore
E se imponha sobre a arrogância, a prepotência e o individualismo,
Transformando-se, vós também transformará a vida,
E teremos um mundo mais bonito e solidário.

Por um inimigo morto

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Por um Inimigo Morto




                67. PREFÁCIO. A caridade para com os nossos inimigos deve segui-los além túmulo. È preciso pensar que o mal que o mal que nos fizeram foi para nós uma prova que pôde ser útil ao nosso adiantamento, se soubermos dela nos aproveitar. Ela pôde nos ser ainda mais proveitosa que as aflições puramente materiais, naquilo que permitiu juntar à coragem e à resignação, a caridade e o esquecimento das ofensas (Cap. X, n.o 6; cap. XII, n.os 5,6).


         68. PRECE. Senhor vos aprouve chamar, antes de mim, a alma N. Eu o perdôo do mal que me fez, e suas más intenções a meu respeito; possa ele disso se arrepender, agora que não tem mais ilusões deste mundo.

         Que a vossa misericórdia, meu Deus, se estenda sobre ele, e afastai de mim o pensamento de me alegrar com sua morte. Se eu procedi mal para com ele, que me perdoe como olvido aqueles que assim procederam para comigo.

O DEVER

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
O DEVER


7. O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida. O dever é a lei da vida; ele se encontra
nos mais íntimos detalhes, assim como nos atos elevados . Não quero falar aqui senão do dever moral, e não daqueles que as profissões impõem.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque se acha em antagonismo com as seduções do interesse e do coração; suas vitórias não têm testemunhos, e suas derrotas não têm repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu arbítrio; o aguilhão (Tudo aquilo que incita a agir; estímulo: a glória é um poderoso aguilhão.) da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte o sustenta, mas permanece, frequentemente, impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração fielmente observado eleva o homem; mas, esse dever, como precisá-lo? Onde começa ele? Onde se detém?  O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou tranqüilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríes de ver ultrapassado em relação a vós mesmos.
Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou esclarecidos, sofrem pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue judiciosamente o mal que pode fazer. O mesmo critério não existe para o bem, infinitamente mais variado em suas expressões. A igualdade diante da dor é uma sublime previdência de Deus, que quer seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal argumentando com ignorância dos seus feitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que afronta as angústias da luta; é austero e flexível; pronto a dobrar às diversas complicações, permanece inflexível; pronto a dobrar-se às diversas complicações, permanece inflexível diante de suas tentações. O homem que cumpre seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais do que a si mesmo; ele é, ao mesmo tempo, juiz e escravo em sua própria causa.
O dever é o mais belo laurel da razão; depende dela como filho de sua mãe. O homem deve amar o dever, não porque o preserve dos males da vida, aos quais a Humanidade não pode se subtrair, mas porque dá à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever cresce e irradia sob mais elevada forma em cada uma das etapas superiores da humanidade; obrigação moral não cessa jamais, da criatura para Deus; ela deve refletir as virtudes do Eterno que não aceita um esboço imperfeito, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça diante dele. (LAZARO, Paris, 1892).


MÃOS
Aparecido Donizetti Hernandez
As mãos não prendem,
As mãos libertam.
Elas acariciam.
As mãos expressam
Em movimentos seu
Meigo olhar!

Mãos de meu Filho Pedro Manoel, soltando uma filhote de sabiá, que teima em fazer ninho em nossa varanda.

POR UM SUICIDA

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

POR UM SUICIDA


71. PREFÁCIO. O homem não tem jamais o direito de dispor da própria vida, porque só a Deus cabe tirá-lo do cativeiro terrestre, quando o julga oportuno. Todavia, a justiça divina pode abrandar seus rigores em favor das circunstâncias, mas reserva toda a sua severidade para que quis se subtrair às provas da vida. O suicida é como o prisioneiro que se evade da prisão antes de expirar sua pena, e que, quando é recapturado, é mantido mais severamente. Assim ocorre com o suicida, que crê escapar às misérias presentes, e mergulha em infelicidades maiores.


72.  PRECE. Sabemos, ó meu Deus, a sorte reservada àqueles que violam vossas leis, abreviando voluntariamente seus dias; mas sabemos também que a vossa misericórdia é infinita: dignai estendê-la sobre a alma de N...Possam nossas preces e a vossa miseração abrandar a amargura dos sofrimentos que ele experimenta por não ter tido a coragem de esperar o fim das suas provas.

Bons Espíritos, cuja missão é assistir os infelizes, tome-o sob, a vossa proteção; inspira-lhe o arrependimento de sua falta, e que a vossa assistência lhe dê a força de suportar com mais resignação as novas provas que terá de sofrer para repará-la. Afastai dele os maus Espíritos, que poderiam, de novo, levá-lo ao mal, e prolongar seus sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.

Vós, cuja infelicidade é o objeto das nossas preces, que a vossa comiseração possa abrandar-nos a amargura, em fazer nascer em vós a esperança de um futuro melhor! Esse futuro está aberto a todos os arrependidos, e não permanece fechado senão para os corações endurecidos.

Pelos Espíritos Arrependidos

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
 
Pelos Espíritos Arrependidos
 
 
 
 
         PRÉFACIO. Seria injusto situar na categoria dos maus Espíritos os Espíritos sofredores e arrependidos que pedem preces; estes puderam ser maus, mas não são mais do momento em que reconhecem suas faltas e as lamentam eles não são senão infelizes; alguns mesmo começam a gozar uma felicidade relativa.
 
         PRECE. Deus de misericórdia que aceitais o arrependimento sincero do pecador, encarnado ou desencarnado, eis um Espírito que se comprazia no mal, mas que reconhece seus erros e entra no bom caminho; dignai, ó Deus, recebê-lo como um filho pródigo e perdoai-lhe.
 
         Bons Espíritos, cuja voz ele desconheceu, quer vos escutar de hoje em diante; permitir-lhe entrever a felicidade dos eleitos do Senhor, a fim de que persista no desejo de se purificar para alcançá-lo; sustentai-o em suas boas resoluções e dai-lhe força de resistir aos seus maus instintos.
 
         Espírito de N..., nós vos felicitamos pela vossa mudança, e agradecemos aos bons Espíritos que vos ajudaram.
 
         Se vos comprazíeis outrora em fazer o mal, é porque não compreendíeis o quanto é doce a alegria de fazer o bem; vós vos sentíeis também muito baixo para esperar atingi-lo. Mas desde o instante em que haveis colocado o pé no bom caminho, uma luz se fez em vós; começastes a provar uma felicidade desconhecida, e a esperança entrou no vosso coração. É que Deus escuta sempre a prece do pecador arrependido e não repele nenhum daqueles que vão a ele.
 
         Para entrar completamente em graça junto dele, aplicai-vos de hoje em diante, não somente a não mais fazer o mal; mas fazer o bem, e, sobretudo a reparar o mal que haveis feito; então, tereis satisfeito a justiça de Deus; cada boa ação apagará uma das vossas faltas passadas.
 
         O primeiro passo está dado; agora mais avançareis, mais o caminho vos parecerá fácil e agradável de contar entre os bons Espíritos e os Espíritos felizes.
 
 
 

PELOS OBSIDIADOS

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

PELOS OBSIDIADOS






                81. PREFÁCIO. A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera (Apagar, destruir progressivamente com o uso; suprimir. Fazer esquecer, ficar esquecido. Todas) todas as faculdades mentais; na mediunidade escrevente, se traduz pela obstinação de um Espírito em se manifestar, com exclusão de todos os outros.

         Os maus Espíritos pululam ao redor da Terra, em conseqüência da inferioridade moral dos seus habitantes. Sua ação malfazeja faz parte dos flagelos dos quais a Humanidade é alvo neste mundo. A obsessão, como as doenças, e todas as tribulações da vida, devem, pois, ser considerada como prova ou expiação, e aceita como tal.

         Da mesma forma que as doenças são o resultado de imperfeições físicas que tornam o corpo acessíveis às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral que expõe a um mau Espírito. A uma causa física se opõe uma força física: uma causa moral é preciso opor uma força moral. Para preservar das doenças, fortificar-se o corpo; para se garantir da obsessão é preciso fortalecer a lama; daí, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar pela própria melhoria, o que basta, o mais frequentemente, para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de pessoas estranhas. Esse socorro torna-se necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em posseção, porque, então, o paciente perde, por vezes, sua vontade e seu livre arbítrio.

A obesseção é quase sempre o resultado de uma vingança exercida por um Espírito, e que, o mais frequentemente, tem sua origem nas relações que obsidiado teve com ele numa precedente existência. (Ver Cap.X nº 6; cap.XII, nº 5, 6).

Nos casos de obsessão grave o obsidiado Está como envolvido e impregnado de um fluído pernicioso que neutraliza a ação dos fluídos salutares e os repele è desse fluído que é preciso desembarcá-lo; ora, um mau fluído não pode ser repelido por um mau fluído. Por uma ação idêntica à do médium curador nos casos de doenças, é preciso expulsar o fluído mau com a ajuda de um fluído melhor que produza, de alguma sorte, o efeito de um reativo. Essa é a ação mecânica, mas que não basta; é preciso também, e sobre tudo, agir sobre o ser inteligente com o qual é preciso ter o direito de falar com autoridade, e essa autoridade não é dada senão pela superioridade moral; quanto; quanto mais é grande, maior é a autoridade.

Ainda não é tudo; para assegurar a libertação, é preciso levar o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios; é preciso fazer nascer nele o arrependimento e o desejo do bem, com a ajuda de instruções habilmente dirigidas, nas evocações particulares feitas com vistas à sua educação moral; então, pode-se ter a dupla satisfação de livrar um encarnado e converter um Espírito imperfeito.


A tarefa torna-se mais fácil quando o obsidiado, compreendendo sua situação, traz seu concurso de vontade e de prece; não ocorre assim quando este, seduzido pelo Espírito enganador, ilude-se sobre as qualidades daquele que o domina, e se compraz no erro em que este último o mergulha; porque então, longe de secundar, ele repele todas as assistências. È o caso da fascinação sempre infinitamente mais rebelde do que a subjugação mais violenta. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIII)



Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar para agir contra o Espírito obsessor.


82. PRECE. (para ser pronunciada pelo obsidiado). Meu Deus, permiti aos bons Espíritos livrar-me do Espírito malfazejo ligado a mim. Se for vingança, que exerce por injustiças que eu terei feito outrora para com ele, vós o permitis, meu Deus, para minha punição, e eu suporto as conseqüências da minha falta. Possa meu arrependimento merecer vosso perdão e minha libertação! Mas, qualquer que seja seu motivo, peço para ele a vossa misericórdia; dignai-vos facilitar o caminho do progresso que o desviará do pensamento de fazer o mal. Possa eu, de minha parte, retribuir o mal com o bem, conduzi-lo a melhores sentimentos.

Mas, eu sei também, ó meu Deus que são minhas imperfeições que me tornam acessível às influências dos Espíritos imperfeitos. Dai-me a luz necessária para reconhecê-las; combatei, sobretudo, em mim o orgulho que me cega sobre meus defeitos.

Qual não deve ser minha indignidade, uma vez que um ser malfazejo pode me senhorear!

Fazei, ó meu Deus, que esse revés para a minha vaidade me sirva de lição para o futuro; que ela me fortaleça da caridade e da humildade, a fim de opor, de hoje em diante, uma barreira às más influências.

Senhor, daí a força de suporte esta prova com paciência e resignação; eu compreendo que, como todas as outras provas, ela deve ajudar o meu adiantamento se não perder-lhe o fruto com meus murmúrios, uma vez que me fornece ocasião de mostrar minha submissão e de exercer uma caridade para com um irmão infeliz, perdoando-lhe o mal que me fez. (Cap. XII, nº 15 e seguintes 46,47).




83. PRECE. (Para o obsidiado). DEUS Todo-Poderoso, dignai-vos daí me o poder de libertar N...do Espírito que o obsidia; se entra em nosso desígnios pôr termo a essa prova , concedei-me a graça de falar a esse Espírito com toda a autoridade.

Bons Espíritos que me assitis, e vós, seu anjo guardião, presta-me vosso concurso; ajudai-me a desembaraçá-lo do fluido impuro do qual está envolvido.

Em nome de Deus todo- Poderoso, eu abjuro o Espírito malfazejo que atormenta a se retirar.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPERITISMO.
Prece



84. PRECE. (Para o Espírito obsessor). Deus infinitamente bom, imploro a vossa misericórdia para o Espírito que obisidia N...; fazei-o entrever as divinas claridades, a fim que ele veja o falso caminho em que está empenhado. Bons Espíritos, ajudai-me a fazê-lo compreender que tem tudo a perder fazendo o mal, e tudo a ganhar fazendo o bem.

Espírito que vos comprazeis em atormentar N... , escutai-me porque eu vos falo em nome de Deus.
Se quiser refletir, compreendereis que o mal não pode impor-se ao bem, e que não podereis ser mais forte do que Deus e os bons Espíritos.

Eles teriam podido preservar N.... de todo golpe da vossa parte; se não fizeram, foi porque ele (ou ela) tinha uma prova a suportar. Mas quando essa prova tiver acabado, vos tirarão toda ação sobre ele; o mal que lhe tendes feito, em lugar de prejudicá-lo, servirá para o seu adiantamento, e com isso não serão mais feliz; assim vossa maldade terá sido uma pura perda para vós e reverterá contra vós.
Deus, que é todo-poderoso, e os Espíritos superiores seus delegados, que são mais poderosos do que vós, poderão, pois, pôr fim a essa obsessão quando quiserem, e vossa tenacidade se quebrará diante dessa suprema autoridade. Mas, pelo fato mesmo de que Deus é bom, ele quer vos deixar o mérito de cessá-la de vossa própria vontade. É uma moratória que é concedida; se não aproveitais, sofrereis suas deploráveis conseqüências; grandes castigos e cruéis sofrimentos vos esperam; sereis forçado a implorar a piedade e as preces da vossa vítima, que vos perdoa e ora por vós, o que é um grande mérito aos olhos de Deus, e apressará sua libertação.

Refleti, pois, enquanto é tempo ainda, porque a justiça de Deus se abaterá sobre vós como sobre os Espíritos rebeldes. Pensai que o mal que fazeis neste momento terá forçosamente um fim, enquanto que, se persistis no vosso endurecimento, vossos sofrimentos irão aumentando sem cessar.

Quando estáveis sobre a Terra, não tereis achado estúpido sacrificar um grande bem por pequena satisfação de um momento? Ocorre o mesmo agora que sois Espírito. Que ganhais com o que fazei? O triste prazer de atormentar alguém, o que não vos impede de ser infeliz, o que quer que possais dizer, vos tornará mais infeliz ainda.

Ao lado disso, vede o que perdeis; olhai os bons Espíritos que vos cercam e vede se sua sorte não é preferível à vossa. A felicidade que eles gozam será vosso quinhão quando quiserdes. O que é preciso para isso? Implorar a Deus e fazer o bem, em lugar de fazer o mal. Eu sei que não podeis vos transformar de repente; mas Deus não pede o impossível; o que ele quer é a boa vontade. Experimentais, pois, e vos ajudaremos. Fazei com que logo possamos dizer por vós a prece pelos Espíritos arrependidos, até que possais estar entre os bons.

(ver também nº 75, a prece pelos Espíritos endurecidos).

Nota: A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento; ela exige também tato e habilidade para conduzir ao bem Espíritos, frequentemente, muito perversos, endurecidos e astuciosos, porque há rebeldes em último grau; na maioria dos casos, é preciso ser guiar segundo as circunstâncias; mas, qualquer que seja o caráter do Espírito, é um fato certo que não se obtém nada pela violência ou pela ameaça; toda influência esta na ascendência moral. Uma verdade, igualmente constatada pela experiência, assim como pela lógica, é a completa ineficácia de exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores ou sinais materiais quaisquer.

A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas, e requerer, por vezes, um tratamento simultâneo ou consecutivo, seja magnético, seja médico, para restabelecer o organismo. A causa estando destruída, resta a combater os efeitos. (ver o livro dos médiuns, cap. XXIII; Da obesessão. – Revista Espírita, fevereiro e março de 1864; abril 1865; exemplos de curas de obsessões)