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terça-feira, 11 de outubro de 2011

DESPRENDIMENTO DOS BENS TERRENOS - I/III

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
DESPRENDIMENTO DOS BENS TERRENOS
PARTE I


            14.  Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer meu óbolo1 para vos ajudar a marchar corajosamente no caminho do aprimoramento em que entrastes. Nós nos devemos uns aos outros; não é senão por uma união sincera e fraternal entre Espíritos e encarnados que a regeneração será possível.
            Vosso amor aos bens terrestres é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual; por esse apego à posse, suprimis vossas faculdades afetivas em as transportando sobre as coisas materiais. Sede sinceros; a fortuna dá uma felicidade sem mácula? Quando vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio no coração? No fundo desse cesto de flores não há sempre um réptil escondido? Compreendo que o homem que, por trabalho assíduo e honrado, ganhou a fortuna, experimente uma satisfação, de resto, bem justa; mas, dessa satisfação, muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve todos os outros sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há distância; tão distante quanto da avareza sórdida à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais colocou Deus a caridade, santa e salutar virtude que ensina ao rico dar sem ostentação, para que o pobre receba sem baixeza.
            Que a fortuna venha de vossa família, ou que haveis ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que não deveis jamais esquecer: é que tudo vem de Deus e retorna a Deus. Nada vos pertence sobre a Terra, nem mesmo vosso pobre corpo: a morte dele vos despoja, como de todos os bens materiais; sois depositários e não proprietários, disso não vos enganeis; Deus vos emprestou, deveis restituir, e ele vos empresta com a condição de que o supérfluo, pelo manos, reverta para aqueles que não têm o necessário.
            Um dos vossos amigos vos empresta uma soma; por pouco que sejais honesto, tereis o escrúpulo de pagá-la, e lhe ficareis agradecido. Pois, bem, eis a posição de todo homem rico; Deus é amigo celeste que lhe empestou a riqueza; não pede para ele senão o amor e o reconhecimento, mas exige que a seu turno, o rico dê também aos pobres que são seus filhos tanto quanto ele.
            O bem que Deus vos confiou excita em vossos corações uma ardente e louca cobiça; haveis refletido, quando vos apegais imoderadamente a uma fortuna perecível e passageira como vós, que um dia virá em que devereis prestar contas ao Senhor do que vem dele? Esqueceis que, pela riqueza, estais revestidos do caráter sagrado de ministros da caridade na Terra para dela serdes os dispensadores inteligentes? Que sois, pois, quando usais em vosso único proveito daquilo que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário de vossos deveres? A morte inflexível, inexorável, vem rasgar o véu sob o qual vos escondíeis, e vos força a prestar contas ao amigo que vos havia ajudado, e que, nesse momento, se reveste para vós, com a toga de juiz.
1.      Óbolo (em grego antigo: ὀβολός, plural ὀβολοί - obolós, pl. oboloí) foi uma moeda de menor valor (sexta parte de uma dracma) na Grécia Antiga.
Era costume grego colocar uma moeda, chamada óbolo, sob a língua do cadáver, para pagar Caronte pela viagem. Se a alma não pudesse pagar ficaria forçosamente na margem do Aqueronte para toda a eternidade, e os gregos temiam que pudesse regressar para perturbar os vivos.
Hoje, um óbulo é tratado como uma pequena contribuição em dinheiro.

Óbolo com retrato de Demétrio I, Báctria.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93bolo

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