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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A BENEFICÊNCIA - "Sede Bons"

A beneficência –“Sede bons”
Capítulo XIII.





         12. Sede bons e caridoso, é a chave dos céus que tendes em vossas mãos; toda a felicidade eterna está encerrada nessa máxima: amai-vos uns aos outros. A alma não pode se elevar nas regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; ela não encontra felicidade e consolação se não nos impulsos da caridade; sede bons, sustentai vossos irmãos, deixai de lado a horrível chapa do egoísmo; esse dever cumprido de vos abrir o caminho da felicidade eterna. De resto, quem dentre vós não sentiu o coração pulsar, sua alegria interior se dilatar a narração de um belo devotamento, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se não procurásseis senão a volúpia que proporciona uma boa ação, permaneceríes sempre no caminho do progresso espiritual. Os exemplos não faltam; o que falta é a boa vontade, que é rara. Vede a multidão de homens de bem dos quais vossa história vos recorda piedosa lembrança.

         O cristo não vos disse tudo o que concerne às virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado esses divinos ensinamentos? Por que tapar o ouvido a essas divinas palavras, o coração a todas essas máximas suaves? Eu gostaria que se colocasse mais interesse, mais fé nas leituras evangélicas; abandona-se esse livro, faz-se dele uma palavra oca, carta fechada; deixa esse código admirável no esquecimento; vossos males não provêm senão do vosso abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes do devotamento de Jesus, e meditai-as.

         Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei armas de vossa brandura e de vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa doutrina; não é se não um encorajamento que viemos vos dar, não é senão para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite nos manifestemos a vós; mas se quisesse, não se teria necessidade senão da ajuda de Deus e da própria vontade; as manifestações espíritas não são feitas senão para os de olhos fechados e os corações indóceis.

         A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem. Sem a caridade não há esperança num futuro melhor, nem interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, porque a fé não é um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa.

         A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é sua própria virtude que ele dá à criatura. Como querer-se desconhecer essa suprema bondade? Qual seria, como esse pensamento, o coração bastante perverso para reprimir e expulsar esse sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para se rebelar contra esse doce carinho: a caridade?

         Não ouso falar do que fiz, porque os Espíritos têm também o pudor de suas obras; mas creio naquela que comecei uma das que devem mais contribuir para o alívio dos nossos semelhantes. Vejo, frequentemente, os Espíritos pedirem por missão continuar minha tarefa; eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, no seu piedoso e divino ministério; eu as vejo praticar a virtude que vos recomendo, com toda a alegria que proporciona essa existência de devotamento e de sacrifícios; é uma grande felicidade para mim ver quanto seu caráter é honrado, quanto sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros segundo os preceitos do Cristo. Assim seja. (SÃO VICENTE DE PAULA, Paris, 1858).

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