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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UTILIDADE PROVIDENCIAL DA FORTUNA

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

UTILIDADE PROVIDENCIAL DA FORTUNA




         7. Se a riqueza devesse ser um obstáculo absoluto à salvação daqueles que a possuem, assim como poderia inferir de certas palavras de Jesus interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a dispensa, teria colocado nas mãos de alguns um instrumento de perdição sem recursos, pensamento que repugna à razão. A riqueza, sem dúvida, é uma prova muito difícil, mais perigosa que a miséria pelos seus arrastamentos, as tentações que dá e a fascinação que exerce; é o excitante supremo do orgulho da vida sensual; é o laço mais poderoso que liga o homem à Terra e afasta seus pensamentos do céu; produz uma tal vertigem que se vê, frequentemente, aquele que passa da miséria à fortuna esquecer depressa sua primeira posição, aqueles que a partilham, aqueles que o ajudaram e tornasse insensível, egoísta, e vão. Mas do fato de tornar o caminho difícil, não se segue que o torne impossível, e não possa tornar-se um meio de salvação, nas mãos daqueles que dela sabe se servir, como certos venenos podem devolver a saúde, se são empregados a propósito e com discernimento.

         Quando Jesus disse ao Jovem que o interrogou sobre nos meios de ganha a vida eterna: “Desfazei-vos de todos os vossos bens e segui-me”, ele não entendia estabelecer como princípio absoluto que cada um deva se despojar daquilo que possui, e que a salvação só tem esse preço, mas mostrar que o apego aos bens terrestres é um obstáculo à salvação.
Esse jovem, com efeito, se acreditava quite porque tinha observado certos mandamentos e, todavia, recua ante a idéia de abandonar seus bens; seu desejo de obter a vida eterna não ia até esse sacrifício.

         A proposição que Jesus lhe fez era uma prova decisiva para pôr a descoberto o fundo do seu pensamento; ele podia, sem dúvida, ser um perfeito homem honesto, segundo o mundo, não fazer mal a ninguém, não maldizer seu próximo, não ser vão nem orgulhoso, honrar a seu pai e sua mãe; mas não tinha a verdadeira caridade, porque sua virtude não ia até a abnegação. Eis o que Jesus quis demonstrar; é uma aplicação do princípio: Fora da caridade não há salvação.

         A consequência dessas palavras, tomadas em sua acepção rigorosa, seria a abolição da fortuna como nociva à felicidade futura, e como fonte de uma multidão de males na Terra, e seria, além disso, a condenação do trabalho que a pode obter; consequência absurda que conduziria o homem à vida selvagem, e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é uma lei de Deus.


Pedro Abelardo - Filosofo Francês

         Se a riqueza é a fonte de muitos males, se ela excita tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, é preciso tomar não a coisa, mas ao homem que dela abusa, como abusa os todos os dons de Deus; pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser mais útil; é a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza não devesse produzir senão o mal, Deus não a teria colocado sobre a Terra; cabe ao homem dela extrair o bem. Se ela não é elemento direto do progresso moral, é, sem contrapartida, um poderoso elemento de progresso intelectual.

         Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pelo aprimoramento material do globo; deve desbravá-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta; para alimentar essa população que cresce sem cessar, é preciso aumentar a produção; se a produção de uma região é insuficiente, será preciso ir procurá-la fora. Por isso mesmo; as relações de povo a povo tornaram-se uma necessidade; para as tornar mais fáceis é preciso destruir os obstáculos materiais que as separam, tornar as comunicações mais rápidas. Para esses trabalhos, que são a obra dos séculos, o homem teve de tirar materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de executá-los mais segura e rapidamente; mas para realizá-los lhe foram preciso recursos: a necessidade fê-lo criar riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade, necessitada por esses mesmos trabalhos, aumenta e desenvolve sua inteligência; essa inteligência, que ele concentra primeiro na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. A riqueza, sendo o primeiro meio de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, não mais atividade, nem estímulo, nem pesquisas; é pois razão, considerada um elemento de progresso.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     






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