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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS - A ingratidão dos filhos e os laços de família

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA.




         9. A ingratidão é um dos frutos, mais imediatos do egoísmo; revolta sempre os corações honestos; mas a dos filhos com relação aos pais, tem um caráter ainda mais odioso; é sob esse ponto de vista especialmente que vamos encará-lo para analisar-lhe as causas e os efeitos. Aqui, como por toda a parte; o Espiritismo veio lançar luz sobre um dos problemas humano.

         Quando o Espírito deixa a Terra, carrega consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai para o espaço se aperfeiçoar ou ficar estacionado, até que queira ver a luz. Alguns, pois, partiram carregando consigo ódios poderosos e desejos de vingança insatisfeitos; mas, a alguns destes, mais avançados que os outros, é permitido entrever algo da verdade; eles reconhecem os funestos efeitos de suas paixões e, então, tomam boas resoluções; compreendem que para ir a Deus não há senão uma senha; caridade; ora, não há caridade sem esquecimento de ultrajes e de injúrias; não há caridade com ódios no coração e sem perdão.

         Então, por um esforço inaudito, olham aqueles que detestaram na Terra, mas ante essa visão, sua animosidade desperta; revoltam-se com a idéia de perdoar, e mais ainda com a de se abdicarem de si mesmos, sobretudo, à de amar aqueles que talvez destruíram sua fortuna, sua honra, sua família, eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários; se a boa resolução vence, pedem a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo de prova.


         Enfim, depois de alguns anos de meditações e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara na família daquele que detestou, e pede aos Espíritos encarregados de transmitirem as ordens supremas, para ir cumprir na Terra os destinos desse corpo que vem dee se formar. Qual será, pois, sua conduta nessa família? Ela dependerá, mais ou menos, da persistência de suas boas resoluções. O contato incessante dos seres que odiou é uma prova terrível sob a qual sucumbe, às vezes, se sua vontade não é bastante forte. Assim, segundo triunfe a boa ou a má resolução, será amigo ou inimigo daqueles no meio do qual foi chamado a viver. Por aí se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior parece justificar; nada, com efeito, nessa existência, pôde provocar essa antipatia; para compreendê-la é preciso voltar os olhos sobre o passado.

         Oh espíritas! Compreendei hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo vosso amor em aproximar essa alma da qual recebereis a recompensa se cumprirdes fielmente seu aperfeiçoamento e seu bem-estar futuro. Pensai que a cada pai e a cada mãe Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?” Se permaneceu atrasado por vossa falta, vosso castigo será o de vê-lo entre os Espíritos sofredores, ao passo que dependia de vós tê-lo feito feliz. Então, vós mesmos, atormentados de remorsos, pedireis para reparar vossa feita; solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ele, na qual o cercareis de cuidados mais esclarecidos, e ele, cheio de reconhecimento, vos cercará de seu amor.


         Não rejeiteis, pois, a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que vos paga com ingratidão; não é o acaso que fez assim e que vo-lo deu. Uma intuição imperfeita do passado se revela e daí julgais se um ou o outro já muito odiou ou foi muito ofendido; que um ou o outro veio para perdoar ou para expiar. Mães, abraçai, pois, o filho que vos causa desgosto, e dizei-vos: Um de nós dois foi culpado. Merecei as alegrias divinas que Deus atribui à maternidade, ensinando a essa criança que ela está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas, ah! muitos dentre vós, em lugar de arrancar para pela educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm, desenvolvem esses mesmos princípios, por uma fraqueza culposa ou negligente, e, mais tarde, vosso coração ulcerado pela ingratidão de vosso filhos, será para vós, desde esta vida, o começo de vossa expiação.

         A tarefa não é tão difícil como poderíeis crê-la; não exige o saber do mundo; o ignorante como o sábio, pode cumpri-la, e o Espiritismo veio facilitá-la, dando a conhecer a causa das imperfeições do coração humano.

 Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; emprestai, pois, os menores sinais que revelam s firmes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lacem raízes profundas; fazei como o bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que vê despontar sobre a árvore. Se deixais se desenvolverem o egoísmo e o orgulho, não vos espantais de ser mais tarde pagos pela ingratidão. Quando os pais fizerem tudo o que deveriam para o adiantamento moral dos filhos, se não se saem bem, não têm censuras a se fazer, e que sua consciência pode estar tranqüila; mas, ao desgosto muito natural que experimentam do sucesso dos esforços. Deus reserva uma grande, uma imensa consolação, pela certeza que não é senão, um atraso, e que lhes será dado acabar em outra existência e a obra começada nesta, e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, n.o 19).


Deus faz a prova das forças daquele que a pede; não permite senão aquelas que podem ser cumpridas; se não se triunfa, não é, pois, a possibilidade que falta, mas a vontade, porque quantos há que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem; a estes estão reservados os prantos e os gemidos em suas existências posteriores; mas admirai a bondade de Deus que não fecha jamais a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, em que o orgulho está enfim domado, e é então que Deus abre seus braços paternais ao filho pródigo que lança aos seus pés. As fortes provas, entendei-me bem, são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento de Espírito, quando são aceitas por amor a Deus. È um momento supremo. E nele; sobretudo, importa não falir murmurando, se não se quer perde-lhe o fruto e ter de recomeçar. Em lugar de vos lamentardes, agradecei a Deus que vos oferece ocasião de vencer para vos dar o prêmio de vitória. Então, quando saídos do turbilhão do mundo terrestre, entrardes no mundo dos Espíritos, nele sereis aclamado como o soldado que sai vitorioso do meio do combate.

De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração; alguém suporta com coragem a miséria e as privações materiais, mas sucumbe ao peso dos desgostos domésticos, esmagado pela ingratidão dos seus. Oh! É uma pungente angústia essa! Mas que pode melhor, nessas circunstâncias, revelar a coragem moral que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se há extrema aflição não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que sua criatura sofra sempre? Que mais consolador, mais encorajador que esse pensamento de que depende só de si, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é preciso não deter o olhar sobre a Terra e não ver senão uma única existência; é preciso se elevar, planar no infinito do passado e do futuro; então, a grande justiça de Deus se revela ao vosso olhar, e esperais com paciência, porque entendeis o que vos parecia monstruosidade na Terra; as feridas que nela recebeis não vos parecem mais do que arranhões. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem sob sua verdadeira luz; não são mais os laços frágeis da matéria reunindo os membros, mas os laços duráveis do Espírito que se perpetuam e se consolidam em depurando, em lugar de se romperem pela reencarnação.


Os Espíritos que a semelhança dos gostos, a identidade de progresso e a afeição a se reunirem, formam famílias; esses mesmos Espíritos em suas migrações terrestres, se procuram para se agruparem como o fazem no espaço; daí nascem as famílias unidas e homogêneas; e se, em suas peregrinações, estão momentaneamente separados, reencontram-se mais tarde, felizes com os novos progressos. Mas como não devem trabalhar unicamente para si, Deus permite que Espíritos manos avançados venham se encarnar entre eles para aí haurir conselhos e bons exemplos, no interesse do seu adiantamento; eles causam, por vezes, perturbações, mais aí está a prova, aí está a tarefa. Acolhei-os, pois, como irmãos; vinde em sua Judá e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará de haver salvo do naufrágio os que a seu turno, poderão salvá-la de outros. (SANTO AGOSTINHO, Paris, 1862).

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